sábado, 20 de junho de 2009

MEU LIVRO (2ª Impressão)


POETISA, EU...?
Contos, crônicas e poesias
Por: Marisa Queiroz

A autora relata com muita sensibilidade, em forma de poesias, contos e crônicas, as angústias, paixões, alegrias e dores, em cenários de amor, humor e amizade. Seu estilo literário toca o leitor em suas emoções, provocando risos e lágrimas, o que resultará numa gostosa leitura.

À venda no Clube de Autores


Assistam ao vídeo da 1ª edição




sábado, 6 de junho de 2009

Menina Maísa: o que ela quer?


O que é que uma criança de seis ou sete anos de idade quer?
Proteção, amor dos pais e brincar, certo? E se essa criança for um prodígio? Deve ser tratada diferente? Depende do ambiente onde ela vive e dos adultos que a acompanham.

O que é uma criança prodígio?

Entende-se que a criança prodígio é aquela especialmente muito talentosa para a sua idade em alguma área. Ela costuma revelar talento a um nível similar ao de um adulto e surpreende pela capacidade brilhante de resolução de problemas. Os prodígios são crianças excepcionalmente precoces em algum tipo de habilidade. Nascemos com um potencial interno que se desenvolverá de acordo com a qualidade, a quantidade e o momento em que esse cérebro começa a trabalhar. Algumas pessoas acreditam que com condições favoráveis e estimulação adequada, qualquer criança pode atingir algum nível de sobredotação, talento ou prodígio. Partem do princípio que um ser humano normal dispõe, ao nascer, de estruturas (biológicas e psicológicas) que o tornam susceptível de ser elevado ao nível de sobredotação através da influência do meio, o que não é verdade.

Todas as crianças nascem com mais ou menos potencialidades, mas algumas, por razões genéticas, estão mais bem preparadas para superarem a maioria das outras, mesmo quando a estas se proporcionem as mesmas condições e os mesmos estímulos. É importante estimular a mente infantil desde cedo. Porém, é preciso tomar cuidado com os excessos, que ao invés de beneficiar o desenvolvimento intelectual, vai bloquear suas funções, pois nem sempre a predisposição biológica e psicológica da criança está voltada pra a área que está sendo estimulada. Os pais que se preocupam demasiadamente em estimular seus filhos acabam transmitindo uma enorme ansiedade e gerando, às vezes, frustrações desnecessárias nas crianças.

Maísa, menina que trabalha na SBT, parece sim, uma criança prodígio, pois encanta a todos com sua inteligência e capacidade de verbalização e interação com o público, com apenas seis anos. Seu cérebro parece um centro complexo de sinapses velozes e relampejantes. É difícil não gostar de assistí-la. Não obstante, essa pequena notável revela algo da ordem, não da inteligência e intelecto, mas da ordem das emoções, que a fragiliza e pede socorro.

Há uma ação do MP para retirá-la do programa de TV do Silvio Santos, por ela ter, por duas vezes, chorado copiosamente em público. Numa das vezes, ela explica em off ao Silvio Santos que tem medo de máscaras e ele, assim mesmo, chama um mascarado no palco. Maísa grita e chora desesperadamente sendo retirada do programa. De outra vez, SS a repreende em público e ela, dizendo sentir-se magoada, chora novamente, desta vez se acidentando e batendo com a cabeça numa das câmeras. Nos duas vezes, tanto o SS quanto o público, se mostram absulutamente insensíveis. Riem e aplaudem o sádico espetáculo. Maísa procura o apoio da mãe que lhe dá um copo de água dizendo que vai passar e manda-a de volta ao palco.

Perplexa com as imagens daqueles vídeos, me perguntei: “O que está acontecendo com o SS, os pais da Maísa e com o público? Não percebem que ela é apenas uma menininha de seis anos de idade? Que ela não entende certos tipos de brincadeira e ironia dos adultos?”. A bem da verdade, a pequena estava sendo atirada aos leões da arena televisiva e o público, inconsciente, aplaudia e gritava por mais. Fiquei a pensar o porquê daquela reação impensada do SS e daquelas pessoas na platéia.

É certo que crianças prodígio, muitas vezes, confundem o adulto, pois sua inteligência e capacidade de interação é espantosa e se assemelha a um adulto. Porém, a diferença é que sua mentalidade e suas emoções são de uma criança. Maísa tem medo de máscaras. Podia não ter, mas tem. É bem compreensível nas crianças de sua idade. Ainda está afetivamente envolvida com fábulas e histórias infantis.

Os contos de fadas, como sabemos, são muito úteis na infância para ajudá-las a elaborar sentimentos de amor e ódio. Porém, infelizmente, muitos adultos usam os personagens de contos de fadas de forma distorcida, apenas para assustar as crianças. E, ao invés de lhes propiciarem o entendimento de seus próprios sentimentos, as confundem fazendo-as sentiram pavor e se bloquearem afetivamente.

Maísa está caminhando para uma fase que nós psicanalistas chamamos de latência – fase onde a criança recalca seus desejos edipianos e se prepara para a inserção social e a educacional. Essa transição tem que ser vivida com muita serenidade pela criança e pelos pais para que ela não desenvolva nenhuma fobia, paranóia ou outros traumas. A menina Maísa, por ser precoce e celebridade muito cedo, deve estar também com muito medo do peso da fama. Seu descontrole emocional frente a uma máscara é bastante indicativo de que algo a aflige, algo que talvez nem ela mesmo saiba o que é. Mas certamente esse algo tem a ver com a fase que ela está passando.

Os pais e adultos nessa hora têm a função de acalmá-la e protegê-la. Não obstante, o público e o próprio SS a tratou como “a chorona”, “ a medrosa” e outros termos agressivos, como se ela fosse um adulto fazendo cena. A mãe, que estava nos bastidores, também não a entendeu e a tratou como se fosse uma adulta ou uma criança manhosa, mandando-a de volta ao palco.

O inquérito do Ministério Público Federal está apurando quais as medidas legais cabíveis que podem ser adotadas em relação ao desrespeito de princípios constitucionais e legais sobre a produção de programas de rádio e televisão quanto à exploração indevida de imagem e violação de direitos da criança. Sim, isto deveria ser feito para todas as crianças que, disfarçadamente, são exploradas como força de trabalho e avaliadas suas condições de suas saúdes física e psicológica.

Certos "adultos" deveriam saber que não se deve fazer medo a uma criança, muito menos em publico e em grupo. E, deveriam saber também que não se deve rir e debochar dos sentimentos de uma criança.
Enfim, o que uma criança prodígio de seis anos quer?
Exatamente o que qualquer outra criança de sua idade deseja: amor e proteção dos pais e espaço para brincar e se desenvolver. O melhor lugar para Maísa é em sua casa, com os pais, e na escola onde pode brincar com crianças de sua idade e ter um desenvolvimento emocional saudável, de acordo com suas necessidades.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quando é que nossa ficha cai?...


Já observei que o mundo em sua alta velocidade só para e faz um minuto de silêncio diante de uma tragédia ou uma catástrofe. Parece que é, justamente nestes momentos, que nossa ficha cai e nos perguntamos: "Pra que tudo isso? Por que corro tanto assim? Por que vivo tão estressada com coisas tão pequenas? Por que não paro tudo vou fazer só o que quero e ficar mais tempo com as pessoas que amo?
É como se houvesse um instante de lucidez total e, por alguns minutos a gente apreende a vida do jeito que ela é.Com o desaparecimento trágigo do boeing 447 da Air France, com quase 250 pessoas a bordo, na noite de domingo passado, vi este fenômeno acontecer mais uma vez. Comoção geral entre as pessoas nas ruas, escolas e lares, e aquele sentimento aflorado nas expressões de cada um.

Ouvi do vendedor de frango de minha rua (sempre muito sábio) a seguinte reflexão: "Pois é, Dona, a gente fica aqui contando os trocados, querendo coisas que a gente não pode ter, desejando ser o que não é e a gente não nota que a vida é só uma e que pode ser interrompida a qualquer momento. Por que a gente não torna a vida mais simples e valoriza só o que tem que ser valorizado, que é o amor e a felicidade?"

E ouvi também de um motorista de taxi:"Sabe , Dona, eu nunca mais vou correr e fazer loucuras no trânsito com meu taxi pra satisfazer capricho de passageiro. Imagine a senhora, que ontem (domingo) eu peguei um casal de americanos, muito nervosos, que me disseram que tinham que pegar aquele vôo 447 à 19h no aeroporto Tom Jobim, e que estavam atrasados. Me deixaram muito tensos porque a mulher gritava, 'corra motorista, eu morro se não pegar este avião!'. Sim, eu fiz um esforço e quase morri neste trânsito aqui para que eles não perdessem o vôo. E olha aí o que aconteceu. Isso me fez repensar sobre minha vida. Vou me aposentar e ficar mais tempo com minha mulher, filhos e netos."

Esses e outros exemplos nos fazem pensar que a catátrofe é muitas vezes uma espécie de "tapa na cara" do ser humano. Pois é aí que ele pára, nem que seja por algumas dias ou horas, e pensa sobre a real essência da vida. É quando ele se despoja de toda pequenês criada pelos meios de comunicação nutridos por uma imensa vontade de que a vida seja diferente e cada vez mais ilusória. Onde o que tem valor é o comprável, o descartável, os modelos estéticos impostos, a competição e a soberba. Onde a alma do mundo ganha cifrões e lucros imorais.
Mas, quando a ficha cai, o ser humano se engrandece e vê o mundo de cima com os valores que realmente existem. Daí, se torna forte, sábio e mais humanizado entendendo a vida do jeito que ela é. Porém, infelizmente, para a maioria, essa lucidez da alma é passageira. O ser humano adora viver no mundo da ilusão, desde a idade das cavernas. Logo, logo, a lucidez volta a ser escanteada pelas aparências do mundo andywarholriano, e ele só volta a pensar ou a "cair em si", quem sabe, numa próxima catástrofe, ou talvez quando chegar a sua própria tragédia.