quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ESPAÇO RIO CARIOCA


Depois de um bom tempo curtindo o Café Vommaro, do Bairro Peixoto (Copacabana, RJ), o Falando de Sentimentos foi convidado a levar nossas palestras para o tradicional bairro de Laranjeiras, RJ, onde existe um edifício chamado Casas Casadas, último exemplar restante de um projeto multiresidencial do sec. XIX. As Casas Casadas foi construída em 1883 pela família Leite Leal. Originalmente o conjunto era formado por seis unidades autônomas, geminadas, em estilo neoclássico. Depois de uma grande luta travada pelos moradores do bairro para evitar a sua demolição, o prédio foi tombado e restaurado pela Prefeitura do Rio em 1994 e abriga hoje a sede da Rio Filmes e uma cinemateca de títulos brasileiros. A reforma incluiu a construção de um anexo, Eapaço Rio Carioca - http://www.espacoriocarioca.com.br/historia.php - que integrou um espaço moderno à tradicional arquitetura neoclássica do prédio, onde se localizam um bistrô, uma livraria e um café, onde ocorrem shows de música , saraus de poesas e eventos literários e infantís.


Enfim, é neste Espaço qe estamos dando continuidade a nosso evento do Falando de Sentimentos.

E no da 15 de setembro do mês de setembro tivemos Nazareth Solino, que veio com muita iluminação e sabedoria nos falar sobre os estágios de vida e os sentimentos, segundo o Budismo de Nithiren Daishonin.


CONFIGURAÇÕES DE VIDA: UMA VISÃO BUDISTA SBRE A VIDA


MENSAGEM BUDISTA

"Não existe nada que você seja obrigado a fazer. Todas as suas ações são direta ou indiretamente, as que você escolhe. As pessoas, coisas esituações que formam sua vida são todas resultadas de suas escolhas.Sabendo disso, por que ter ressentimentos com relação a elas, atribuindo-lhes a culpa por tudo que ocorre em sua vida? As escolhas que você fez trouxeram-no para onde você está hoje. Mas as escolhas que você fizer a partir de agora poderão levá-lo para outro lugar para onde você quiser ir. Embora possa sentir-se preso e sem forças, essa não é a verdadeira situação. Você pode escolher superar os obstáculos. Você pode escolher seguir seu sonho. Não há como escapar. Alguma decisão você terá que tomar. Essas decisões determinarão seu futuro. Tudo o que você tem, tudo o que você faz, tudo aquilo em que você mesmo se transforma, é o resultado de suas escolhas. Você tem o poder de decidir a direção de sua vida. Como você vai usar esse poder? Qual é a sua escolha nesse exato instante?"·

Daisaku Ikeda (Jornal BS 1577, 28/10/2000)Representante da SGI ( Soka Gakkai Internacional- BSGI), no Brasil, fundada em 1960.


No dia 15 de setembro de 2009, o Falando de Sentimentos teve como convidada a médica homeopata e membro do Internaconal Brasil Soka Gakkai, Nazareth Solino, que com uma visão budista , nos falou sobre o ser humano e a vida. O auditorio do Espaço Rio Carioca , em Laranjeiras, RJ, contou com mais de 50 participantes e todos a aplaudiram muito.
Cliquem no link abaixo para ver o vídeo.

http://www.falandodesentimentos.cpecs.org/index_arquivos/Page1090.htm

sábado, 20 de junho de 2009

MEU LIVRO (2ª Impressão)


POETISA, EU...?
Contos, crônicas e poesias
Por: Marisa Queiroz

A autora relata com muita sensibilidade, em forma de poesias, contos e crônicas, as angústias, paixões, alegrias e dores, em cenários de amor, humor e amizade. Seu estilo literário toca o leitor em suas emoções, provocando risos e lágrimas, o que resultará numa gostosa leitura.

À venda no Clube de Autores


Assistam ao vídeo da 1ª edição




sábado, 6 de junho de 2009

Menina Maísa: o que ela quer?


O que é que uma criança de seis ou sete anos de idade quer?
Proteção, amor dos pais e brincar, certo? E se essa criança for um prodígio? Deve ser tratada diferente? Depende do ambiente onde ela vive e dos adultos que a acompanham.

O que é uma criança prodígio?

Entende-se que a criança prodígio é aquela especialmente muito talentosa para a sua idade em alguma área. Ela costuma revelar talento a um nível similar ao de um adulto e surpreende pela capacidade brilhante de resolução de problemas. Os prodígios são crianças excepcionalmente precoces em algum tipo de habilidade. Nascemos com um potencial interno que se desenvolverá de acordo com a qualidade, a quantidade e o momento em que esse cérebro começa a trabalhar. Algumas pessoas acreditam que com condições favoráveis e estimulação adequada, qualquer criança pode atingir algum nível de sobredotação, talento ou prodígio. Partem do princípio que um ser humano normal dispõe, ao nascer, de estruturas (biológicas e psicológicas) que o tornam susceptível de ser elevado ao nível de sobredotação através da influência do meio, o que não é verdade.

Todas as crianças nascem com mais ou menos potencialidades, mas algumas, por razões genéticas, estão mais bem preparadas para superarem a maioria das outras, mesmo quando a estas se proporcionem as mesmas condições e os mesmos estímulos. É importante estimular a mente infantil desde cedo. Porém, é preciso tomar cuidado com os excessos, que ao invés de beneficiar o desenvolvimento intelectual, vai bloquear suas funções, pois nem sempre a predisposição biológica e psicológica da criança está voltada pra a área que está sendo estimulada. Os pais que se preocupam demasiadamente em estimular seus filhos acabam transmitindo uma enorme ansiedade e gerando, às vezes, frustrações desnecessárias nas crianças.

Maísa, menina que trabalha na SBT, parece sim, uma criança prodígio, pois encanta a todos com sua inteligência e capacidade de verbalização e interação com o público, com apenas seis anos. Seu cérebro parece um centro complexo de sinapses velozes e relampejantes. É difícil não gostar de assistí-la. Não obstante, essa pequena notável revela algo da ordem, não da inteligência e intelecto, mas da ordem das emoções, que a fragiliza e pede socorro.

Há uma ação do MP para retirá-la do programa de TV do Silvio Santos, por ela ter, por duas vezes, chorado copiosamente em público. Numa das vezes, ela explica em off ao Silvio Santos que tem medo de máscaras e ele, assim mesmo, chama um mascarado no palco. Maísa grita e chora desesperadamente sendo retirada do programa. De outra vez, SS a repreende em público e ela, dizendo sentir-se magoada, chora novamente, desta vez se acidentando e batendo com a cabeça numa das câmeras. Nos duas vezes, tanto o SS quanto o público, se mostram absulutamente insensíveis. Riem e aplaudem o sádico espetáculo. Maísa procura o apoio da mãe que lhe dá um copo de água dizendo que vai passar e manda-a de volta ao palco.

Perplexa com as imagens daqueles vídeos, me perguntei: “O que está acontecendo com o SS, os pais da Maísa e com o público? Não percebem que ela é apenas uma menininha de seis anos de idade? Que ela não entende certos tipos de brincadeira e ironia dos adultos?”. A bem da verdade, a pequena estava sendo atirada aos leões da arena televisiva e o público, inconsciente, aplaudia e gritava por mais. Fiquei a pensar o porquê daquela reação impensada do SS e daquelas pessoas na platéia.

É certo que crianças prodígio, muitas vezes, confundem o adulto, pois sua inteligência e capacidade de interação é espantosa e se assemelha a um adulto. Porém, a diferença é que sua mentalidade e suas emoções são de uma criança. Maísa tem medo de máscaras. Podia não ter, mas tem. É bem compreensível nas crianças de sua idade. Ainda está afetivamente envolvida com fábulas e histórias infantis.

Os contos de fadas, como sabemos, são muito úteis na infância para ajudá-las a elaborar sentimentos de amor e ódio. Porém, infelizmente, muitos adultos usam os personagens de contos de fadas de forma distorcida, apenas para assustar as crianças. E, ao invés de lhes propiciarem o entendimento de seus próprios sentimentos, as confundem fazendo-as sentiram pavor e se bloquearem afetivamente.

Maísa está caminhando para uma fase que nós psicanalistas chamamos de latência – fase onde a criança recalca seus desejos edipianos e se prepara para a inserção social e a educacional. Essa transição tem que ser vivida com muita serenidade pela criança e pelos pais para que ela não desenvolva nenhuma fobia, paranóia ou outros traumas. A menina Maísa, por ser precoce e celebridade muito cedo, deve estar também com muito medo do peso da fama. Seu descontrole emocional frente a uma máscara é bastante indicativo de que algo a aflige, algo que talvez nem ela mesmo saiba o que é. Mas certamente esse algo tem a ver com a fase que ela está passando.

Os pais e adultos nessa hora têm a função de acalmá-la e protegê-la. Não obstante, o público e o próprio SS a tratou como “a chorona”, “ a medrosa” e outros termos agressivos, como se ela fosse um adulto fazendo cena. A mãe, que estava nos bastidores, também não a entendeu e a tratou como se fosse uma adulta ou uma criança manhosa, mandando-a de volta ao palco.

O inquérito do Ministério Público Federal está apurando quais as medidas legais cabíveis que podem ser adotadas em relação ao desrespeito de princípios constitucionais e legais sobre a produção de programas de rádio e televisão quanto à exploração indevida de imagem e violação de direitos da criança. Sim, isto deveria ser feito para todas as crianças que, disfarçadamente, são exploradas como força de trabalho e avaliadas suas condições de suas saúdes física e psicológica.

Certos "adultos" deveriam saber que não se deve fazer medo a uma criança, muito menos em publico e em grupo. E, deveriam saber também que não se deve rir e debochar dos sentimentos de uma criança.
Enfim, o que uma criança prodígio de seis anos quer?
Exatamente o que qualquer outra criança de sua idade deseja: amor e proteção dos pais e espaço para brincar e se desenvolver. O melhor lugar para Maísa é em sua casa, com os pais, e na escola onde pode brincar com crianças de sua idade e ter um desenvolvimento emocional saudável, de acordo com suas necessidades.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quando é que nossa ficha cai?...


Já observei que o mundo em sua alta velocidade só para e faz um minuto de silêncio diante de uma tragédia ou uma catástrofe. Parece que é, justamente nestes momentos, que nossa ficha cai e nos perguntamos: "Pra que tudo isso? Por que corro tanto assim? Por que vivo tão estressada com coisas tão pequenas? Por que não paro tudo vou fazer só o que quero e ficar mais tempo com as pessoas que amo?
É como se houvesse um instante de lucidez total e, por alguns minutos a gente apreende a vida do jeito que ela é.Com o desaparecimento trágigo do boeing 447 da Air France, com quase 250 pessoas a bordo, na noite de domingo passado, vi este fenômeno acontecer mais uma vez. Comoção geral entre as pessoas nas ruas, escolas e lares, e aquele sentimento aflorado nas expressões de cada um.

Ouvi do vendedor de frango de minha rua (sempre muito sábio) a seguinte reflexão: "Pois é, Dona, a gente fica aqui contando os trocados, querendo coisas que a gente não pode ter, desejando ser o que não é e a gente não nota que a vida é só uma e que pode ser interrompida a qualquer momento. Por que a gente não torna a vida mais simples e valoriza só o que tem que ser valorizado, que é o amor e a felicidade?"

E ouvi também de um motorista de taxi:"Sabe , Dona, eu nunca mais vou correr e fazer loucuras no trânsito com meu taxi pra satisfazer capricho de passageiro. Imagine a senhora, que ontem (domingo) eu peguei um casal de americanos, muito nervosos, que me disseram que tinham que pegar aquele vôo 447 à 19h no aeroporto Tom Jobim, e que estavam atrasados. Me deixaram muito tensos porque a mulher gritava, 'corra motorista, eu morro se não pegar este avião!'. Sim, eu fiz um esforço e quase morri neste trânsito aqui para que eles não perdessem o vôo. E olha aí o que aconteceu. Isso me fez repensar sobre minha vida. Vou me aposentar e ficar mais tempo com minha mulher, filhos e netos."

Esses e outros exemplos nos fazem pensar que a catátrofe é muitas vezes uma espécie de "tapa na cara" do ser humano. Pois é aí que ele pára, nem que seja por algumas dias ou horas, e pensa sobre a real essência da vida. É quando ele se despoja de toda pequenês criada pelos meios de comunicação nutridos por uma imensa vontade de que a vida seja diferente e cada vez mais ilusória. Onde o que tem valor é o comprável, o descartável, os modelos estéticos impostos, a competição e a soberba. Onde a alma do mundo ganha cifrões e lucros imorais.
Mas, quando a ficha cai, o ser humano se engrandece e vê o mundo de cima com os valores que realmente existem. Daí, se torna forte, sábio e mais humanizado entendendo a vida do jeito que ela é. Porém, infelizmente, para a maioria, essa lucidez da alma é passageira. O ser humano adora viver no mundo da ilusão, desde a idade das cavernas. Logo, logo, a lucidez volta a ser escanteada pelas aparências do mundo andywarholriano, e ele só volta a pensar ou a "cair em si", quem sabe, numa próxima catástrofe, ou talvez quando chegar a sua própria tragédia.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"FALTA ALGUÉM NA MINHA CASA"


“Falta alguém na minha casa”:
emoções e sentimentos entre familiares de vítimas de desaparecimento forçado

Fábio Araújo,
Sociólogo, doutorando em Sociologia pelo PPGSA/IFCS/UFRJ

Uma das imagens mais fortes que ficou nas memórias sobre o regime militar e que serviram e têm servido para movimentar toda uma série de lutas políticas e sociais no Brasil, e na América Latina de uma forma geral, foi a figura do desaparecido político. Embora o uso da tortura e de tantas violências outras não tenha sido específico do período que corresponde à ditadura militar, foi aí que ela ficou mais evidente e pública, por vários motivos. Um desses motivos se deve ao fato de que foi nesse momento que setores das camadas médias sentiram intensamente o peso do braço penal de um Estado repressivo e violador dos direitos humanos e começaram a se manifestar e reivindicar verdade, justiça e reparação. Foi um momento em que o medo e o terror foram legitimados institucionalmente, erigidos sob a forma de lei e generalizados através da Lei de Segurança Nacional. Foi aí também que a categoria desaparecido ganhou eficácia simbólica. Mas a prática de desaparecer pessoas não se resumiu ao triste período da ditadura militar, continua nos dias de hoje. O desaparecimento forçado, legado da ditadura, hoje volta-se prioritariamente contra os pobres da cidade, vistos como perigosos e como uma ameaça.

O desaparecimento de uma pessoa coloca uma série de questões. O que significa “desaparecer” com uma pessoa? Como os familiares lidam com esse acontecimento? Como ele afeta as emoções, os sentimentos e a saúde dos familiares? Que tipo de reações e protestos o desaparecimento é capaz de suscitar? Como os familiares das vítimas passam a interpelar o Estado por justiça e reparação? Que tipo de justiça e reparação são demandados pelos familiares das vítimas? Que estratégias são formuladas para a denúncia pública? Como esse tipo específico de acontecimento é associado a outras formas de violência e relacionado a rituais e formas de se fazer política?

O desaparecimento provoca uma ação inversa à concentração de espaço-tempo requerida socialmente para enfrentar a morte. Os familiares dos desaparecidos, por muitos anos, esperam, buscam, abrem espaços. Esperam a volta do ente querido vivo, buscam pistas, informação precisa sobre o local, modo e data da morte, esperam o reconhecimento dos corpos e exigem respostas do Estado, exigem punições para os desaparecimentos.

Em um belo trabalho sobre os desaparecimentos políticos na Argentina, a antropóloga Ludmila Catela argumenta que a figura do desaparecido interessa como provedora de material específico para a conformação de um sistema simbólico, onde predominam elementos tradicionalmente associados aos rituais de morte. No entanto, como categoria construída e desconstruída, com ritmos e espaços históricos e sociais, ela só pode ser compreendida como um princípio de oposição às idéias de morte. Em vez de marcar e facilitar a passagem do mundo dos “vivos” ao mundo dos “mortos”, os rituais colocados em cena para dar conta do desaparecimento de uma pessoa transformam a ausência do corpo em um capital de força política e cultural que se expressa sob o registro da denúncia. Sem corpo, sem um momento específico de luto e sem uma sepultura para a realização dos rituais de morte, Catela propõe que o desaparecimento pode ser pensado como uma morte inconclusa.

O desaparecimento de uma pessoa provoca rupturas no cotidiano de quem fica. Com o desaparecimento dos filhos a rotina das “Mães de Acari” passa por transformações. Novas atividades que até então não faziam habitualmente parte de suas vidas cotidianas subvertem o tempo e o espaço dessas mulheres. O cotidiano que basicamente se resumia aos afazeres domésticos ganha novos contornos e novas cores. O desaparecimento altera a vida de quem fica, as coisas “saem do lugar” e a vida parece sair de foco. Afinal, como Vera faz sempre questão de salientar, “falta alguém na minha casa”. O desaparecimento passa a dividir e marcar o tempo e a memória de quem fica, a vida torna-se dividida em um antes e um depois do desaparecimento e esforços são direcionados no sentido de restabelecer a rotina cotidiana rompida pelo choque do acontecimento. Rotina que só pode ser restabelecida com a volta de quem partiu ou com o esclarecimento do que aconteceu. Algumas perguntas não se calam para quem fica. Onde estão essas pessoas desaparecidas? Que fim teriam levado? Será que estão mortas ou há possibilidades de serem encontradas vivas? Se estiverem mortas, como tudo parece indicar e mesmo as mães reconhecem, onde foram parar os corpos? O que resta a fazer, então, além de sofrer?

Através da comunicabilidade da experiência do choque, denunciando publicamente um drama e uma injustiça, as mães dão início a um jogo de acusações buscando justificar e legitimar suas denúncias, em busca de justiça e reparação. Argumento que a partir da vivência do luto estas mães elaboram práticas reivindicativas de justiça, com menor ou maior sucesso, na medida em que a denúncia pública do acontecimento ganha justificação e legimitidade pública. Neste processo, trava-se uma luta por justiça, marcada por uma forte dimensão moral, onde são elaborados “repertórios”, ou “idiomas de ação”, envolvendo símbolos e rituais, capazes de movimentar toda uma política dos sentimentos, sobretudo a partir do universo simbólico da maternidade, da morte e da religião. Por outro lado, como a maior parte dos casos hoje registrados refere-se a pessoas das classes populares, o principal obstáculo que enfrentam é o preconceito contra a favela e os favelados, tendo que romper duplamente com a condição de falar de um lugar de despossuído e de um território criminalizado.

Diante da ausência daqueles que passaram diretamente pela situação limite, daqueles que foram e estão desaparecidos, quem aparece para falar em seus nomes são principalmente as mães. O testemunho dessas mães representa uma tentativa de lutar pela memória dos filhos, de limpar dos estigmas e dos estereótipos que tentam marcar a escritura dessa memória. O próprio corpo das mães, cansado, mitigado, de tanto procurar pelos filhos desaparecidos aparece como testemunho dessa luta.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA - UMA VISÃO PSICOLÓGICA

A integração dos portadores de deficiências tem sido a proposta norteadora e dominante na Educação Especial, direcionando programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários países, incluindo o Brasil.
Elaborada em 1972, na Educação Especial, por um grupo de profissionais da Escandinávia, essa proposta baseou-se no princípio de normalização que apregoa que todas as pessoas portadoras de deficiências têm o direito de usufruir de condições de vida o mais comum ou “normal” possível, na sociedade em que vivem garantindo assim seu direito de ser diferente e de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade.

A inclusão exige a transformação da escola, pois defende a inserção no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e necessidades, cabendo às escolas se adaptarem às necessidades dos alunos. Ou seja, a inclusão acaba por exigir uma ruptura com o modelo tradicional de ensino poder integrar o portador de deficiência à sociedade e poder se desenvolver e exercer sua cidadania.

Na prática inclusiva, no entanto, percebe-se que mesmo aqueles alunos que se encontram inseridos no sistema regular de ensino continuam sendo isolados dos seus companheiros de
turma não-deficientes e, de certa forma, rejeitados pela escola e professores. Isto tolhe a oportunidade deles desenvolverem amizades e de se socializarem.

Sabe-se que uma das formas de desenvolvimento psicológico do ser humano é por meio das brincadeiras entre os colegas de escola, pois é o grupo o principal protagonista na determinação da personalidade adulta de uma criança e é seu principais agente socializador. É entre seus colegas de grupos, depois da família, na percepção das semelhanças entre o eu e o outro, que a criança inicia seu processo de identificação, processo este fundamental para construir uma imagem de si mesmo. E uma boa auto-imagem que a pessoa constrói , define seu amor próprio e segurança para aceitar-se como elemento querido de um grupo e poder construir uma verdadeira cidadania.

No entanto, há algo complicado neste convívio social: a percepção de que nem todos somos semelhantes. Assim, as diferenças dentro do grupo tendem a manifestar reações muito agressivas entre os “iguais”. Para manter a identidade e a coesão do grupo, as crianças
usam diversos métodos, às vezes cruéis, de exclusão das ditas crianças diferentes. Surgem, assim, as críticas e ridicularizações dos “bobos ou palhaços” do grupo, que as vezes se tornam o “bode expiatório” ou o BULLYING do grupo (pratica perversa entre os jovens para humilhar, intimidar, ofender, agredir estigmatizam e traumatizam crianças e jovens).

Existe um texto de Freud, no seu livro Mal Estar da Civilização, 1929-30, chamado narcisismos das pequenas diferenças. Nele, Freud examina as contradições produzidas por uma cultura que exige a repressão (o recalque) das tendências destrutivas /agressivas dos sujeitos em nome da felicidade coletiva. O narcisismo tolera mal a convivência com o diferente – mas suporta menos ainda o confronto com o minimamente diferente, ou seja aquele que ameaça o campo das identificações - daí o caráter totalmente reativo ao mandamento “ama ao próximo como a ti mesmo”. Aqui ele, ironicamente, diz que se o altruísmo fizesse parte da natureza humana não teria sido necessário se inventar um mandamento para nos convencer a amar ao próximo.

Supomos então que o ser humano precisa de leis e, principalmente, de EDUCAÇÃO, para desenvolver sentimentos mais nobres e não se destruir enquanto civilização. No caso da inclusão do portador de deficiências nas escolas, este projeto estará fadado ao fracasso, se a própria escola, seus diretores e professores não estiverem conscientes de seus próprios preconceitos e fizerem um trabalho psicológico de elaboração deles.

A aceitação do diferente é trabalhoso e exige uma auto observação e análise de seu próprio narcisismo. Sabemos que o narciso só aceita o espelho, o que lhe é semelhante e isto é uma das principais causas da violência, ódios e guerras entre os humanos. Ver e aceitar o outro diferente de si mesmo, é um trabalho hercúleo, porém necessário para o exercício da cidadania, o enriquecimento de si mesmo enquanto sujeito e evolução do ser humano. Este trabalho, de altruísmo e amor fraterno, deve começar em casa na relação com os pais, depois na escola, com professores conscientes do sentido de alteridade, e depois na sociedade como um todo.

Pressupõe-se que a proposta de inclusão escolar de crianças com necessidades educativas especiais procura evitar os efeitos deletérios do isolamentosocial dessas crianças, criando oportunidades para a interação entre as crianças, inclusive como forma de diminuir o preconceito. Não obstante, nada disso funcionará, se o próprio educador não for o primeiro a dar o exemplo de aceitação do diferente.




Marisa Queiroz

sábado, 4 de abril de 2009

ASSÉDIO MORAL: A VIOLÊNCIA PERVERSA


Você já foi vítima de descriminação em seu trabalho, na escola, família ou em algum meio social? Todo mundo, de alguma forma, já experimentou algum tipo de discriminação ou assédio humilhante deste tipo. Existem nas relações humanos, muitas formas de competição: uma delas é a competição perversa ou patológica, que se apresenta sob forma de crueldade e violência sobre a dignidade do outro.

O assédio moral constitui-se de uma invasão perversa, progressiva e violenta no território psíquico do outro. É possível destruir alguém com palavras, olhares, subentendidos e levá-la a um verdadeiro assassinato psíquico. O objetivo é levar a vítima à confusão nas informações e na impotência. Ou seja, para desestabilizar o outro, o agressor perverso passa a zombar de suas idéias, ridicularizar seus desejos, denegri-lo, debochar de seus pontos fracos e fazer alusões desabonadoras a seu respeito.
O agressor perverso tem, geralmente uma personalidade narcísica e é movido pela inveja, cujo objetivo é a apropriação do poder e do que é do outro. Do encontro do desejo de poder com a perversidade nasce a violência e a perseguição Não obstante, vale dizer que nem todos os traços narcísicos de personalidade – egocentrismo, necessidade de ser admirado, intolerância à crítica, etc, - podem ser considerados patológicos. Estes se distinguem dos perversos por serem ocasionais e seguidos de remorso ou arrependimento. O perverso, geralmente, não apresenta nenhum sinal de arrependimento ou culpa, pelo contrário, ele se vangloria e sente prazer com o sofrimento alheio.

A vítima é escolhida pelo perverso pelos seus pontos fracos e é justamente o que ele ataca, o ponto vulnerável do outro. O agressor procura no outro o embrião da auto-destruição. Com calúnias, mentiras, manobras invejosas, leva ao descrédito a vítima de tal modo que ela percebe o que se passa sem poder se defender.
No mundo do trabalho, nas universidades, nas instituições, as formas de assédio, são muito estereotipadas e igualmente destrutivas. O assédio aqui é entendido como toda conduta abusiva que pode trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa.

Nas escolas de 1º e 2º graus, tem sido detectado um número muito grande de crianças e jovens vítimas de agressores. É o fenômeno do “bulling” que tem como característica a agressão sistemática e progressiva sobre uma criança que acaba sendo um ‘saco de pancadas’ e motivo de gozação de seus colegas. Ele vai se tornar o mais fraco, o inferiorizado e o foco de ‘tudo de ruim’ para os colegas. Estudos comprovam que essas crianças têm uma auto-estima muito baixa e não tem muitos recursos internos de auto proteção. Geralmente essas crianças não encontram (por alguma razão) um vínculo de confiança e proteção em seus lares e sofrem caladas as humilhações e agressões. Passam a desenvolver sintomas fóbicos, associados de pavores noturnos, baixo rendimento escolar, gagueira, etc.

A violência perversa é muitas vezes negada ou banalizada, nas escolas, instituições e na família. A criança fica sem saber a quem pedir ajuda e começa a achar que ela é humilhada por não merecer amor, por ser inferior ou por não ser importante. Cresce com muito medo do mundo e por vezes, se paralisa na vida. Outras, podem chegar a romper um surto psicótico, e numa fúria paranóica, cometer assassinatos ou suicídios.

A família tem um papel fundamental no sentido de orientação e proteção de seus filhos. É preciso educá-los para que respeitem os outros e para que saibam se defender de violências perversas desse tipo em qualquer ocasião. O vínculo de amor e confiança é o que vai construir uma estrutura emocional forte na criança para que ela tenha segurança em si e amor próprio suficiente para não se tornar vítima de tais agressores.

Quanto às instituições, e ao espaço público, é necessário que haja uma conscientização fraterna de proteção às vítimas de assédio moral e a necessidade de intervenção do agressor, já que a legislação a respeito é ainda muito tolerante e omissa. É importante que o papel daqueles que têm o poder de decisão nas Instituições, seja o de zelar para que a pessoa humana seja respeitada em todas as situações.

Marisa Queiroz

quarta-feira, 25 de março de 2009

LIDAR COM SENTIMENTOS E SAÚDE MENTAL


A Saúde Mental da criança, começa nos anos mais primevos de sua vida, através da primeira relação amorosa: A MÃE. E é por meio do sentimento de amor materno que ela aprende a lidar com seus próprios sentimentos. A forma como a mãe vai dar o suporte para este primeiro encontro amoroso é fundamental para que as crianças aprendam a decifrar suas próprias angustias e dar nome a elas. Um psicanalista chamado Donald Winnicott (1966), que se dedicou a entender o desenvolvimento emocional da criança através de sua relação com a mãe, dizia que é essencial que a mãe, seja uma mulher sadia emocionalmente, para que possa ser “suficientemente boa” para o desenvolvimento emocional da criança.


Mas, perguntaram para ele, certa feita, o que seria uma “mãe suficientemente boa”. Existiria uma mãe assim, com essa perfeição? E ele explicou que, esse modelo de mãe, requeria, justamente, que ela não tivesse nada de perfeição (perfeição é um mito), mas fosse uma pessoa comum, muito humana, que não tivesse medo de lidar com seus sentimentos de amor e ódio. Ou seja, uma pessoa de bom equilíbrio emocional que sabe dar nomes e encarar seus maiores sentimentos, sejam eles positivos ou negativos.


Mas, o que são SENTIMENTOS? Segundo Mário Prata, o sentimento é a linguagem que o coração usa quando precisa mandar algum recado. E seguindo a definição, o sentimento é um conjunto de sensações físicas e emocionais que todos nós temos nas diferentes situações de vida , sendo alvo do estudo da medicina, biologia, filosofia e psicologia.


PSICOSSOMÁTICA - Como todo sentimento é dotado de manifestações físico-psíquicas, dizemos que o ser humano é psicossomático. Ou seja , corpo e mente interagindo e expressando-se cada qual ao seu modo. Esse termo foi, proposto inicialmente pelo médico austríaco Wilhelm Steckel, em 1921, mas sabemos que essa concepção vem de longe , do Século V a.C., com o médico, Hipócrates, que criou a teoria dos 4 humores corporais, (fleugma ou pituita, bilis amarela e bilis negra) e sinalizava que seu equilíbrio ou desequilíbrio era co-responsável pela saúde mental do indivíduo, alterando o seu estado de humor e podendo levá-lo a um estado de melancolia.

Existe na somatização uma “fala dos órgãos”: sinais físicos com forte componente psíquico. SOMATIZAR É, ENFIM, A REPRESENTAÇÃO FÍSICA DE UMA DOR EMOCIONAL.


DIFICULDADE DE LIDAR COM OS SENTIMENTOS: Essa dor pode ser gerada pela dificuldade de lidar com os sentimentos. A dor pode estar representando um conflito emocional como, medo, inveja, ciúmes, mágoas, luto, etc. Problemas físicos como dor no peito, fadiga, tontura, dor de cabeça, inchaço, dor nas costas, queimação no estômago, insônia, etc , podem ser manifestações de NEGAÇÃO DE NOSSOS SENTIMENTOS. Quando negamos à mente o direito de sentir, de se expressar, o corpo adoece. A angustia, sentimento sem nome, rompe a resistência corpórea e ataca nosso “calcanhar de Aquiles” – parte de nosso corpo que apresenta alguma vulnerabilidade genética ou adquirida.


PRECISAMOS ENFRENTAR CORAJOSAMENTE E DAR NOMES AOS NOSSOS SENTIMENTOS - A falta de elaboração psíquica por falhas na simbolização da angústia e pelo “pensamento operatório” (falta de vida de fantasia e de devaneios, base para a criatividade e para o desenvolvimento das artes), leva o indivíduo a desconhecer seus sentimentos e a somatizar. Não dar nomes às emoções (alexitimia), leva-nos a alienação de nós mesmos e ao desconhecimento do nosso espírito. Ignorar os sentimentos torna-se uma cilada para criarmos fantasmas persecutórios .


COMO ENFRENTAR OS SENTIMENTOS? Tomando remédios para ajudar a esquecê-los? Tomando PROZAC para ser feliz sem ter uma razão verdadeira para isto? Não. A melhor forma de enfrentar os sentimentos é aceitá-los, reconhecê-los e lidar com eles. Que mal há em chorar por uma perda ou frustração? Por que não reconhecer que aquele sentimento que lhe corroi o peito e lhe deixa mau-humorado e ressentido, é a INVEJA OU OS CIUMES? Quando reconhecemos um sentimento, podemos revertê-lo e utilizá-lo ao nosso favor. E com isso, podemos crescer e amadurecer, sem adoecer.


O PAPEL DA MÃE PARA AJUDAR A CRIANÇA A LIDAR COM SEUS VERDADEIROS SENTIMENTOS: O papel da mãe é fundamental para que a criança aprenda a lidar com seus sentimentos. Ela deve ajudá-los a nomear aquilo que lhe aflige e lhe dói por dentro. Ao invés de dizer: "tome esse chocolate e acalme-se!", ela deve dizer, “isso que você está sentindo é ciúmes, ou ansiedae, ou medo, etc." Deste modo , ela o estará ajudando a desvendar seus sentimentos e aprender a lidar com eles sem adoecer ou enlouquecer.


Marisa Queiroz

Rio, 08/ março/2009

terça-feira, 3 de março de 2009

HISTÓRIA DOS SENTIMENTOS

Autor Desconhecido
Contam que, uma vez, se reuniram todos os sentimentos, qualidades e defeitos dos homens em um lugar da terra. Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs: - Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou: - Esconde-esconde? Como é isso? - É um jogo. explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo. O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA. A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada. Mas nem todos quiseram participar: A VERDADE preferiu não esconder-se. - Para que, se no final todos me encontram? - Pensou. A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto e a COVARDIA preferiu não arriscar-se. - Um, dois, três, quatro... - Começou a contar a LOUCURA. A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho.
A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta. A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se, pois cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos: Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA. Se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ. Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA. Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim, acabou escondendo-se em um raio de sol. O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele. A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atras do arco-íris) e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões. O ESQUECIMENTO, não recordo-me onde escondeu-se, mas isso não é o mais importante.
Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.998, o AMOR ainda não havia encontrado um lugar para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores. - Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a busca. A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra. Depois, escutou-se a FÉ discutindo com DEUS, no céu, sobre zoologia. Sentiu vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões. Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode deduzir onde estava o TRIUNFO. O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas. De tanto caminhar, sentiu sede e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se. E assim foi encontrando a todos: O TALENTO entre a erva fresca, a ANGÚSTIA em uma cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, que já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde. Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.
A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos. A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu e até prometeu ser seu guia. Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra:
O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.